Páscoa 2022
O Manuel da Terra e a Maria do Ceu
Queridos amigos,
Espero que este tempo de Pascoa seja uma oportunidade para estar, outra
vez, juntos. De longe, partilho convosco a história dum casal amigo, digamos
do Manuel da Terra e a Maria do Ceu.
Saúde, dinheiro e amor
O Manuel entrou no seminário criança e saiu aos 24 anos. Estivemos juntos
os últimos três anos. Ele revelou-se um génio nos negócios, casou com a Maria
do Céu e viveram anos de sucesso.
Trabalharam duro, ganharam muito dinheiro que investiam e produzia mais
fortuna. Os filhos foram chegando ao ritmo da natureza, sem pressa nem
rejeição. O Manel pedia a Deus três coisas, saúde para viver bem, dinheiro para
alimentar e educar os filhos e amor para viver
feliz com a família. Ele teve tudo em abundância – saúde de aço,
negócios bem sucedidos e uma família grande, feliz e unida. Viviam num palácio
aberto aos amigos. Os filhos cresceram, formaram-se e seguiram as suas vidas.
Com Maria do Céu, sua amada e inseparável esposa, viviam um amor afortunado,
florido como uma eterna Primavera.
Um dia, apareceu um crise financeira e levou tudo. No fim, o banco levou a
sua casa onde viviam.
Hoje, o Manuel e a Maria vivem , num
pequeno apartamento, com uma pequena reforma. Não tem bens nem dividas. Os filhos vivem longe e como podem. A Maria
conformou-se, mas o Manel repete, amargurado, Deus deu a sorte tirou! A saúde é
uma ilusão, o dinheiro um engano e o amor passageiro!
A Maria do Céu nunca foi muito devota. Foi uma criança obediente, jovem
desinteressada e deixou a Igreja sem nunca saber em que acreditava. Com a vida
adulta, simplesmente não havia tempo. A crise trouxe-lhe tempo sem fim. Um dia,
encontrou uma foto da sua primeira comunhão. Ficou emocionada! Havia qualquer coisa
de divino naquela criança inocente e pura que segurava um teco entres as mãos.
Mais tarde, ela pegou num terço e ainda sabia rezar ave-maria, mas tinha
esqueceu parte do pai-nosso.
Dias depois, regressou a Igreja. Primeiro por curiosidade, depois porque
tinha tempo, por fim, já não podia viver sem a Missa dominical. Sem saber como,
a Igreja deu-lhe nova vida, mais forca de viver.
Entretanto descobriu um grupo de oração, fortaleceu a sua Fé, reavivou a
Esperança nas realidades futuras e a sua vida encheu-se de um amor maior que o
seu coração, um Amor divino.
A Maria do Ceu, as vezes, na companhia do seu Manel, seguia as cerimonias
do tempo de Pascoa. A festa da Ressurreição era muito especial; a Missa era
mais bonita, os cânticos mais alegres e a presença de Deus mais palpável. A sua
vida encheu-se de uma nova luz, a amor transbordava para os mais necessitados e
Deus passou a ser o centro da sua nova existência.
Brincando com o marido, ela resumia assim a sua vida. O Manuel da Terra
arrastou-me para o trabalho exagerado e a procura stressante da riqueza e um
apego permanente e doentio as coisas da terra. Agora, Eu, Maria do Ceu, tenho a
missão de levar o meu Manel da Terra para as coisas do Ceu.
Ela reconhece que a crise foi uma bofetada abençoada, uma lufada de ar
fresco na vida dos dois. Eles viviam centrados no perfeitamente secundário, os
bens materiais, as riquezas terrenas e esqueciam o único necessário – Deus e as
coisas do Ceu.
A Páscoa é o tempo de voltar atras, reorganizar a vida, estabelecer prioridades
e recentrar tudo em Deus, o Único necessário e indispensável. A Ressurreição é
o inicio da Vida nova, quando o Ceu entrou no nosso mundo e, aos poucos, as
coisas da terra passam e as coisas do Céu tornam-se mais presentes.
É esta a vida dos meus pobres cristãos: não tem vida fácil, mas são ricos
da presença do Ressuscitado.
Um grande abraço amigo com os melhores votos de Boa Pascoa!
Kampala (Uganda) Pascoa 2022
Fidelino