sexta-feira, 19 de novembro de 2010

As Férias

Já estou de regresso à missão, mas o pensamento ainda está de onde venho e onde passei três meses de férias. Foi um longo intervalo depois de três anos de trabalho missionário no centro da África.
As férias começam sempre com a chegada ao aeroporto do Funchal. Todas as vezes que volto à Madeira, paro uns instantes, ainda dentro do aeroporto, para contemplar o mar e as Deserta, ali mesmo, do outro lado das grandes janelas. Aquele oceano familiar, azul e compacto, repete-me: “Bem-vindo à tua casa”.
Depois destas boas vindas, vem um grande abraço, repartido dezenas de vezes. É um abraço forte, quente e demorado que tenta anular anos de separação.
Os primeiros dias, são para rever gente querida e aperceber-se dos sinais deixados pelos anos de ausência. Nas crianças e nos idosos, estas marcas, do tempo que passa, são indeléveis.
Uma grande parte das férias são para visitar lugares cheios de história e reviver acontecimentos passados.
Este tempo é, sobretudo, o reencontro da família imigrante que chegam dos quatros cantos do mundo. São encontros emocionantes que nos permitem conviver com gente querida, depois de uma longa separação forçada.
Uma semana é passada nas paradisíacas praias do Porto Santo. Ali isolado de tudo, vive-se de praia, mar e muita conversa.
As férias terminam onde começaram, no aeroporto, em presença do mar e das Desertas que, desta vez, ficam tristes e silenciosos.
Um abraço breve, doloroso e contra a natureza, diz-me que o tempo acabou. Por último, o avião, indiferente aos meus sentimentos, com um puxão apressado e violento, põe fim a um tempo mágico, onde o sonho e a realidade viveram juntos.
O clima das férias sobrevive ainda alguns dias. Depois, as preocupações da nova realidade apagam tudo.
Restam as fotos, as recordações e as saudades. Fica, também, a esperança de um dia, voltar.
Um grande obrigado à minha querida mãe, aos meus irmãos e a todos aqueles que fizeram destas férias um tempo de descanso despreocupado, num ambiente de amor e carinho sem igual.

Kisangani, Rep. Dem. Congo, 1 de Outubro 2010