sábado, 5 de outubro de 2013


Uma viagem moderna

                                         A longa viagem de volta à missão – (primeira parte.)

A vida missionária é feita de muitas viagens. Quando Deus dá a vocação missionária, dá também uma disposição e um gosto especial pelas viagens. Lembro-me, a este propósito, dum jovem colega missionário que evitava, sempre que possível, todo o género de viagens. Ele costumava justificar-se dizendo: “Eu não tenho gosto pela aventura!” Mais tarde, ele decidiu deixar a missão e a vida missionária e hoje segue a “vida normal” - é um bom marido, um pai feliz e um bom cidadão. O seu “pouco gosto pela aventura” era, afinal, sinal da sua pouco vocação missionária.
Pois, agora que as férias acabaram, iniciei a longa viagem de volta para a missão. E estas idas e voltas, da terra natal à terra de adopção, são as viagens mais longas na vida dum missionário.
Este trajecto é dividido em duas partes completamente distintas. A primeira parte, que venho de terminar, foi uma longa e calma estadia a bordo de vários aviões, num total de 15 horas de voo, que me conduziram da bonita Madeira até esta cidade de Kisangani, bem no centro do Congo, onde acabo de chegar.

São milhares de quilómetros feitos calmamente, organizado ao pormenor, programado matematicamente com meses de antecedência e utilizando a melhor tecnologia da aeronáutica moderna. A única aventura foi uma noite, longa, fria e monótona, passado num aeroporto da Europa; aliás anunciada desde o princípio.
Neste passeio pelo espaço, o passageiro é o centro das atenções. É bem recebido com palavras bonitas - “Bem-vindos a bordo” - é servido com simpatia e atendido com generosidade. “Vamos servir um jantar, um almoço”. Durante a viagem, ouve-se uma voz grossa e segura – “Aqui fala o comandante” - que confirma que estamos em boas mãos e que tudo correu como previsto. No fim, uma voz meiga, agradece e deixa um convite - “foi um gosto viajar consigo, esperamos vê-lo de novo na nossa companhia”.
Na verdade estas viagens são extremamente rápidas e eficiente, o serviço prestado é excelente e por, algumas horas, o viajante vive num mundo ultra moderno. Tudo isto num ambiente anónimo e silencioso, comandando por relógios e computadores e servido por pessoas eficiente, que fazem o seu trabalho automaticamente, como robots simpáticos e eficientes.
Aqui termina a primeira parte do meu regresso à missão.
Amanhã, bem cedo, começa a segundo parte, a verde ira aventura com os pés bem assentes na terra.
Então, um abraço amigo e até logo.
P. Fidelino
Kisangani (Rép. Dém, do Congo), 5 de Outubro de 2013