Uma viagem
moderna
A longa viagem de volta à missão –
(primeira parte.)
A vida missionária é feita de
muitas viagens. Quando Deus dá a vocação missionária, dá também uma disposição
e um gosto especial pelas viagens. Lembro-me, a este propósito, dum jovem
colega missionário que evitava, sempre que possível, todo o género de viagens.
Ele costumava justificar-se dizendo: “Eu não tenho gosto pela aventura!” Mais
tarde, ele decidiu deixar a missão e a vida missionária e hoje segue a “vida
normal” - é um bom marido, um pai feliz e um bom cidadão. O seu “pouco gosto
pela aventura” era, afinal, sinal da sua pouco vocação missionária.
Pois, agora que as férias
acabaram, iniciei a longa viagem de volta para a missão. E estas idas e voltas,
da terra natal à terra de adopção, são as viagens mais longas na vida dum
missionário.
Este trajecto é dividido em duas
partes completamente distintas. A primeira parte, que venho de terminar, foi
uma longa e calma estadia a bordo de vários aviões, num total de 15 horas de voo,
que me conduziram da bonita Madeira até esta cidade de Kisangani, bem no centro
do Congo, onde acabo de chegar.
São milhares de quilómetros feitos calmamente, organizado ao pormenor, programado matematicamente com meses de antecedência e utilizando a melhor tecnologia da aeronáutica moderna. A única aventura foi uma noite, longa, fria e monótona, passado num aeroporto da Europa; aliás anunciada desde o princípio.
Neste passeio pelo espaço, o
passageiro é o centro das atenções. É bem recebido com palavras bonitas -
“Bem-vindos a bordo” - é servido com simpatia e atendido com generosidade.
“Vamos servir um jantar, um almoço”. Durante a viagem, ouve-se uma voz grossa e
segura – “Aqui fala o comandante” - que confirma que estamos em boas mãos e que
tudo correu como previsto. No fim, uma voz meiga, agradece e deixa um convite -
“foi um gosto viajar consigo, esperamos vê-lo de novo na nossa companhia”.
Na verdade estas viagens são
extremamente rápidas e eficiente, o serviço prestado é excelente e por, algumas
horas, o viajante vive num mundo ultra moderno. Tudo isto num ambiente anónimo
e silencioso, comandando por relógios e computadores e servido por pessoas
eficiente, que fazem o seu trabalho automaticamente, como robots simpáticos e
eficientes.
Aqui termina a primeira parte do
meu regresso à missão.
Amanhã, bem cedo, começa a
segundo parte, a verde ira aventura com os pés bem assentes na terra.
Então, um abraço amigo e até
logo.
P. Fidelino
Kisangani (Rép. Dém, do
Congo), 5 de Outubro de 2013