A vida quotidiana dos missionários a Bambilo
A vida missionária,
como toda a vida religiosa, é vivida em comunidade. Jesus enviou os
discípulos « dois a dois » para se ajudarem mutuamente e,
sobretudo, para testemunharem o mandamento do AMOR.
A ajuda
fraterna, partilhar o trabalho, enfrentar juntos as dificuldades e
celebrar os momentos de alegria é o fundamento da vida missionária. Por outro
lado, o anúncio do Evangelho, mais do que palavras ditas na igreja onde a maior
parte das pessoas não as ouvem, é uma questão de testemunho. É a vida concreta
dos missionários, a maneira como se relacionam e como vivem entre eles que
demonstra a validade do Evangelho que anunciam. As palavras que se
ouvem, passam e esquecem-se o que vê,o testemunho, fica e deita raízes.
Nós fazemos todo o
possível, para que esta nossa comunidade seja um lugar onde o Evangelho é
anunciado com palavras, mas sobretudo com obras e com o exemplo
Somos uma comunidade
normal formada de dois padres e um irmão. Já nos conhecíamos há anos, mas é a
primeira vez que vivemos juntos.
O mais velho e
superior, o P. Lourenço, foi dos primeiros missionários a chegar ao Congo. Em
breve celebrará 50 anos de ordenação sacerdotal. Durante muitos anos
ele trabalhou na formação de novos missionários (postulantes,
noviços e escolásticos), foi provincial e agora é um « missionário
normal », como ele costuma dizer.
O Irmão António,
outro grande missionário da África, tem mais de 40 anos de missão. Ele é
carpinteiro de formação, mas aqui não tem mãos a medir, ele faz de tudo. É mecânico,
carpinteiro, pedreiro, agricultor, construtor de casas, capelas e pontes. A sua
grande paixão é a caça e a pesca.
O nosso dia começa,
ainda antes das 5.00 horas da manhã, com bom café preparado pelo Irmão. Depois,
na capela, fazemos uma hora de oração pessoal, diante do Santíssimo Sacramento.
Às 6.00 horas, rezamos as oração da manhã (as laudes). Segue-se a
missa na igreja com os cristãos. Às 7.15, quando saímos da igreja, já o sol
começa a subir no céu. Tomamos um bom pequeno-almoço (normalmente os restos do
jantar) e cada um vai às suas ocupações.
Às 12.30 horas
encontramo-nos para um almoço sem pressas. A parte da tarde costuma
ser mais tranquila. A partir das 16.30 horas, quando estamos em
casa, vamos ao rio, aqui mesmo ao lado. Primeiro ajudamos o irmão controlar as
redes des pesca que ele deixa no rio, depois, o P. Lourenço e eu
nadamos livremente naquelas águas calmas e temperadas.
As 18.00 horas,
quando o dia começa a declinar, sentados na varanda, tendo como pano de fundo a
floresta imensa e silenciosa, fazemos a oração da tarde (as vésperas) e concluímos
com o terço. Quando entoamos a « Salve Rainha », já a noite começa
a cair. O dia, começado antes do nascer do sol, diante do
tabernáculo, termina com a «Salvé Rainha » num ambiente de maternal
serenidade e de paz profunda. Tudo convida ao recolhimento, o sereno
entardecer, o silêncio da omnipresente floresta, a temperatura
amena e o corpo cansado que começa a gozar
um repouso merecido.
Depois do jantar,
sem televisão nem iternet, temos longas conversas, partilhamos o dia, falamos
das nossas coisas e da nossa vida, fazemos comunidade e vivemos o
Evangelho.
Por volta das 20.30
Horas, cada um se retira para um grande descanso noturno.
Quem diz que a vida
missionária é difícil ?
Um dia perguntaram-me
se éramos irmãos. “Não!", Respondi, "não somos irmãos, somos de
países diferentes; porque perguntas ?" «Porque vocês
entendem-se muito bem!», respondeu ele.
Outras pessoas
comentam admiradas vendo o nosso estilo de vida: « Vejam como eles se
amam ! »
Bambilo, Agosto de
2012