A história exemplar de uma cristã verdadeira.
Hoje em Bangane, uma aldeia a 20 km do centro da paróquia, e perguntei pela senhora Helena. Disseram-me que esta estava doente e que queria comungar.
Foi com enorme alegria e com um pouco de emoção que pude revê-la 15 anos depois. Ela ainda me reconheceu, pôs-se de pé com dificuldade e abraçou-me dizendo: “Ah meu querido filho! Bem-vindo!”
Há 15 anos, quando cá estive pela primeira vez, os missionários habitavam exactamente nesta aldeia, para dedicar-se mais intensamente ao trabalho com os pigmeus. Portanto éramos vizinhos.
Na altura ela era uma senhora já viúva, mas ainda cheia de força. Era muito simples, nunca tinha frequentado a escola, vivia pobremente na sua palhota com uma neta. Ela tinha uma fé profunda e verdadeira que transmitia a toda a aldeia.
Todos os dias, antes de ir trabalhar para o campo, vinha à missa. À tarde, quando regressava à casa, trazia-nos sempre alguma coisa, um ananás, mandioca, fruta, una cana-de-açúcar, etc.
Um dia via-a um pouco triste e deprimida. Sentei-me, falamos e ela explicou-me a razão do seu estado de espírito.
Os ladrões tinham arrombado a porta da sua palhota e tinham roubado tudo, a panela, os dois pratos, o bidão da água e, sobretudo, a enxada e a catana com que ela trabalhava o campo.
No fim da nossa conversa disse-lhe para não guardar ódio nem rancor contra aquela gente, pois eram, certamente, jovens sem educação e não sabiam o mal que tinham feito.
Ela olhou-me fixamente nos olhos e disse com segurança: “Senhor padre, eu nunca deixarei que a maldade daquela gente entre dento do meu coração! Eles arrombaram a minha casa, mas nunca entrarão com violência dentro da minha vida! Eu peço a Deus por eles, são como meus filhos que se desviaram do caminho.”
Ainda hoje a senhora Helena espalha a mesma tranquilidade e serenidade interior fruto de um grande sentido da presença de Deus na sua vida. Até o seu rosto, gasto pelos anos, mantém-se transparente e límpido imune à doença, à dor e ao sofrimento quotidianos.
Ela nunca se queixa, não reclama nada. Diz somente que está à espera que o “Senhor a venha buscar, quando Ele quiser. Ela está preparada.”
Apesar do sofrimento da vida miserável onde falta de tudo, a senhora Helena não tem pressa.
Esta senhora é o melhor fruto do trabalho dos missionários. È o exemplo claro da força do Evangelho vivido no dia-a-dia. A sua vida é aquela boa terra que acolheu a Palavra do Evangelho e produz muito fruto.
Muito obrigado senhora Helena pelo exemplo de vida!
Maboma, Janeiro de 2012
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