Uma história das crianças pigmeias
Maboma é uma missão na terra dos pigmeus. Foi para evangelizar os pigmeus que os missionários chegaram aqui, há quase 30 anos.
È por isso que a nossa casa é um centro por onde eles passam para cumprimentar, falar ou simplesmente passar um pouco de tempo connosco.
O mais interessante são as crianças, numerosas, sempre irrequietas e ruidosas. Elas vêm frequentemente pedir a bola para jogar, tirarem água do poço ou simplesmente para brincarem alegres e despreocupadas.
Estas crianças são o exemplo da liberdade e do desprendimento dos pigmeus. Vestem uma tira de pano entre as pernas, preso à cintura com uma casca de árvore. Vivem livres e felizes, chegam e partem como os pardais.
A sua maior alegria é apanharem (caçarem) as galinhas ou coelhos rebeldes que fogem das suas prisões.
Antes de iniciar a “caça” dão gritos de alegria e repartem-se as tarefas. Uns vão por um lado outros por outro. Depois lançam-se, ágeis como o vento ao som de gritos de encorajamento. Pouco depois ouve-se o desespero dos animais presos, bem seguros nas mãos delicadas, mas seguras das crianças. È o sinal da tarefa cumprida.
Com os coelhos a técnica é a mesma, mas é preciso um pouco mais de tempo e perseverança. Mas não há coelho que escape destes pequenos caçadores naturais.
Exactamente nestes dias, dei, a um destes grupos, o trabalho de apanharem algumas galinha e, sobretudo os coelhos que tinham escapado e circulavam livremente pelo jardim.
Do meu escritório, onde trabalhava e atendia as pessoas, seguia o evoluir da caça de acordo com os gritos alegres das crianças e, sobretudo, com os sinais de desespero dos animais apanhados.
A um certo momento não ouvia mais as crianças. Preocupado, com um silêncio estranho, fui averiguar o que se passava. Não fosse algum dos pequenos ter caído ou m esmo se magoado.
Encontrei todas as crianças sentadas à sombra, silenciosas e tristes. Até o pequeno cão que os tinha acompanhado naquele dia, que estava atado com uma corda da floresta, participava da do desânimo de todo o grupo.
Perguntei se alguém estava magoado, disseram que não. Então o que se passava?
O mais corajoso contou. Estávamos a perseguir o último coelho, mas ele se meteu debaixo da lenha. O nosso cão foi mais rápido que nós, perseguiu o coelho e apanhou com os dentes! Eles mostraram-me o pequeno coelho já meio comido que arrancaram das garras do cão.
Falamos um pouco e ficamos de acordo, para a próxima vez é preciso atar o cão antes de começar a caça. Um pouco mais animados, mas ainda triste por este acidente voltaram para casa silenciosa.
Maboma, Janeiro de 2012
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