sábado, 29 de setembro de 2012

A Missão de Bambilo



Apresentação do meu novo posto de trabalho



Bambilo, exactamente a 3,55 Norte ; 24,45 Este, é uma das vinte paróquias da enorme diocese de Bondo no Norte da República Democrática do Congo. A diocese, quase tão grande como Portugal,  estende-se, a norte, por 700 Km  ao longo da fronteira da República Centro-Africana. A sul é limitada pelo grande rio Uele, um afluente do majestoso rio Congo.
Toda esta região, coberta de densas florestas e centenas de cursos de água,  é uma das mais isoladas (ou preservadas) do país. Tem um subsolo riquíssimo, sobretudo em ouro e diamantes, que são explorados de maneira artesanal. A população, que não chega a meio milhão de pessoas, vive nalguns centros, como Bondo a capital e nos lugares de extracção do ouro e dos diamantes.
Esta zona foi evangelizada, a partir de 1920, pelos missionários Crúzios belgas.  Em poucos anos, estes missionários corajosos, ajudados pelo governo colonial belga, abriram estradas e  cobriram a diocese de grandes construções, igrejas, escolas, hospitais, centros de saúde e casas para a administração e para os funcionários do estado. Os comerciantes portugueses, gregos e belgas chegaram em grande número. A região encontrava-se em plena expansão quando, em 1964, a rebelião dos Simba, como um furacão, espalhou a morte, a destruição e a miséria. Os estrangeiros que não fugiram a tempo, foram barbaramente assassinados. Entre estes estavam 23 jovens missionários Crúzios que foram fuzilados e os corpos atirados ao rio.
Cinquenta anos depois, ainda se nota a influência negativa desses acontecimentos trágicos. Ao isolamento geográfico e ao abandono administrativo, juntou-se, desde há poucos anos outra praga – o LRA (Exercito de Resistência so Senhor ). Um grupode rebeldes ugandeses que, há mais de vinte anos, lutam contra o poder central. Perseguidos pelo exército ugandeses, este grupo encontrou um refúgio seguro nesta região de imensas florestas onde a caça é abundante e a presença do poder central é nula. É deste esconderijo seguro que eles saem para roubar, violar,  matar e raptar crianças que formarão os futuros rebeldes.   
A nível religioso, esta diocese é também uma das dioceses mais pobres do país. Os padres diocesanos são pouquíssimos e os missionários Combonianos, o único instituto religioso presente aqui, são apenas cinco.
Os Combonianos chegaram à diocese em 1973 junto com as missionárias combonianas. Nessa altura encarregaram-se das duas paróquias mais distantes do centro. Com a guerra de 1996, todos os missionários tiveram que abandonar o país. As combonianas nunca mais voltaram, aos combonianos o senhor Bispo pediu para orientarem o centro de formação de catequistas, no centro e para se encarregarem da paróquia de Bambilo, a 150 km do centro, a mais pobre e abandonada de todas.
É aqui, a Bambilo,  que me encontro neste momento. Quando os combonianos chegaram à paróquia, em 1998, existia apenas uma capela de barro e palha e uma pequena comunidade cristão. Durante 10 anos os missionários viveram em palhotas construídas pelos cristãos. Com o tempo, foi construída uma grande igreja e a casa dos missionários. Agora está-se a construir uma escola e está previsto construir também um centro de saúde.
Bambilo é já um ponto de referência nesta zona. A nossa presença é um sinal do Amor de Deus que não abandona o seu povo e um estímulo a trabalhar para ter uma vida mais digna e mais humana.
Bambilo, Agosto de 2012

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