Apresentação do meu novo posto de trabalho
Bambilo,
exactamente a 3,55 Norte ; 24,45 Este, é uma das vinte paróquias da enorme diocese de
Bondo no Norte da República Democrática do Congo. A diocese, quase tão grande
como Portugal, estende-se, a norte, por 700 Km ao longo da
fronteira da República Centro-Africana. A sul é limitada pelo grande rio Uele,
um afluente do majestoso rio Congo.
Toda esta
região, coberta de densas florestas e centenas de cursos de água, é uma
das mais isoladas (ou preservadas) do país. Tem um subsolo riquíssimo,
sobretudo em ouro e diamantes, que são explorados de maneira artesanal. A
população, que não chega a meio milhão de pessoas, vive nalguns centros, como
Bondo a capital e nos lugares de extracção do ouro e dos diamantes.
Esta zona foi
evangelizada, a partir de 1920, pelos missionários Crúzios belgas. Em
poucos anos, estes missionários corajosos, ajudados pelo governo colonial
belga, abriram estradas e cobriram a diocese de grandes construções,
igrejas, escolas, hospitais, centros de saúde e casas para a administração e
para os funcionários do estado. Os comerciantes portugueses, gregos e belgas
chegaram em grande número. A região encontrava-se em plena expansão quando, em
1964, a rebelião dos Simba, como um furacão, espalhou a morte, a destruição e a
miséria. Os estrangeiros que não fugiram a tempo, foram barbaramente
assassinados. Entre estes estavam 23 jovens missionários Crúzios que foram
fuzilados e os corpos atirados ao rio.
Cinquenta anos
depois, ainda se nota a influência negativa desses acontecimentos trágicos. Ao isolamento
geográfico e ao abandono administrativo, juntou-se, desde há poucos anos outra
praga – o LRA (Exercito de Resistência so Senhor ). Um grupode rebeldes
ugandeses que, há mais de vinte anos, lutam contra o poder central. Perseguidos
pelo exército ugandeses, este grupo encontrou um refúgio seguro nesta região de
imensas florestas onde a caça é abundante e a presença do poder central é nula.
É deste esconderijo seguro que eles saem para roubar, violar, matar e
raptar crianças que formarão os futuros rebeldes.
A nível
religioso, esta diocese é também uma das dioceses mais pobres do país. Os
padres diocesanos são pouquíssimos e os missionários Combonianos, o único
instituto religioso presente aqui, são apenas cinco.
Os Combonianos
chegaram à diocese em 1973 junto com as missionárias combonianas. Nessa altura
encarregaram-se das duas paróquias mais distantes do centro. Com a guerra de
1996, todos os missionários tiveram que abandonar o país. As combonianas nunca
mais voltaram, aos combonianos o senhor Bispo pediu para orientarem o centro de
formação de catequistas, no centro e para se encarregarem da paróquia de
Bambilo, a 150 km do centro, a mais pobre e abandonada de todas.
É aqui, a
Bambilo, que me encontro neste momento. Quando os combonianos chegaram à
paróquia, em 1998, existia apenas uma capela de barro e palha e uma pequena
comunidade cristão. Durante 10 anos os missionários viveram em palhotas construídas
pelos cristãos. Com o tempo, foi construída uma grande igreja e a casa dos
missionários. Agora está-se a construir uma escola e está previsto construir
também um centro de saúde.
Bambilo é já um
ponto de referência nesta zona. A nossa presença é um sinal do Amor de Deus que
não abandona o seu povo e um estímulo a trabalhar para ter uma vida mais digna
e mais humana.
Bambilo, Agosto
de 2012
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