sábado, 15 de setembro de 2012

Os Pigmeus


Pigmeu quer dizer alto como um côvado (0,66 m). Foi este o nome que os gregos, desde a antiguidade, deram a um povo misterioso que habitava para além do Egipto, bem escondido nas florestas inexploradas e misteriosas da África Central. Ao longo dos séculos a existência deste dos pigmeus foi envolvida em lendas até que os primeiros exploradores os encontraram nos fins do século XIX. Mas foram os missionários que os acolheram, amaram e viveram com eles para fazerem Homens como todos os outros.
A característica principal deste povo é a sua pequena estatura (1,50 m, em média) e o facto de viverem na floresta numa vida semi-nómada. Vivem da caça, da pesca e da recolha dos produtos da floresta. Os estudiosos dizem que os pigmeus guardaram o estilo de vida do homem da pré-história. Têm uma de vida extremamente simples. Como hábito portam, homens e mulheres, uma tanga, as casas minúsculas, são feitas com uma armação de ramos flexíveis e cobertas de folhas resistente duma planta comum.  Cozinham em potes  de barro e comem o que a floresta lhes dá.
Hoje calcula-se que os pigmeus sejam entre 100.000 e 200.000 espalhados na densa floresta tropical que se estende entre os vários países da África central. A maior concentração é, exactamente, nesta zona onde trabalhamos, a missão de Maboma, situada na floresta do Ituri, no nordeste da R.D. do Congo.
Os pigmeus são livres como as aves, despreocupados e felizes como crianças. Vivem num mundo e num tempo à parte, estabelecendo relações mínimas com as populações vizinhas. Esta simplicidade e ingenuidade é aproveitada pelas populações locais para explorar este povo ainda criança.
Foi esta situação de exploração e exclusão, miséria e doença que chamou a atenção dos missionários. Já desde os anos 50 que os missionários trabalham com os pigmeus. Os combonianos chegaram alguns anos mais tarde,mas deram um novo impulso a este trabalho, fazendo da evangelização dos pigmeus uma das prioridades do nosso trabalho missionário.
Em 1986 foi aberta uma comunidade bem no meio da floresta, lá onde viviam os pigmeus ; uma aldeia da paróquia de Maboma. Os primeiros contactos foram difíceis, mas, com o tempo, os pigmeus deixaram-se conquistar por estes estrangeiros que vieram habitar ao lado deles. Os missionários começaram a ser conhecidos por « missionários dos pigmeus » e os pigmeus eram orgulhosos de chamar-lhe « os nossos missionários ».
O primeiro grande trabalho, ainda não terminado, foi defender este povo da escravidão e exploração a que eram sujeitos. Seguiu-se uma luta contra uma doença da pele,, muito difundida, que provocava chagas enormes.
Outra etapa importante foi sensibilizar os pais a enviar os filhos à escola. Em todas as aldeias eles mesmos construíram-se escolas para os filhos. Hoje, em toda a diocese, são mais de 5.000 crianças pigmeus que frequentam a escola.
Outra actividade importante foi ajudar os pigmeus a terem os seus próprios campos, uma vez que a caça e a pesca não é mais suficiente para viverem. Este é um trabalho duro, pois eles nunca foram habituados a cultivar a terra.
Tudo isto, naturalmente acompanhado com o anuncio do Evangelho.
Trinta anos de trabalho abnegado já deu frutos abundantes. Hoje já há professores, enfermeiros, carpinteiros, pedreiros e estudantes universitários pigmeus. Há muitos cristãos pigmeus e  um candidato ao pequeno seminário. Mas há ainda muito caminho a fazer. De facto, não se pode pretender que, em poucos anos, um povo faça um salto que a humanidade levou milhares de anos a fazer.
Maboma, Maio de 2012

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