Pigmeu quer
dizer alto como um côvado (0,66 m). Foi este o nome que os gregos,
desde a antiguidade, deram a um povo misterioso que habitava para além do
Egipto, bem escondido nas florestas inexploradas e misteriosas da África
Central. Ao longo dos séculos a existência deste dos pigmeus foi
envolvida em lendas até que os primeiros exploradores os encontraram nos fins
do século XIX. Mas foram os missionários que os acolheram, amaram e viveram com
eles para fazerem Homens como todos os outros.
A
característica principal deste povo é a sua pequena estatura (1,50 m, em média)
e o facto de viverem na floresta numa vida semi-nómada. Vivem da caça, da pesca
e da recolha dos produtos da floresta. Os estudiosos dizem que
os pigmeus guardaram o estilo de vida do homem da pré-história. Têm
uma de vida extremamente simples. Como hábito portam, homens e mulheres, uma
tanga, as casas minúsculas, são feitas com uma armação de ramos flexíveis e
cobertas de folhas resistente duma planta comum. Cozinham em potes
de barro e comem o que a floresta lhes dá.
Hoje
calcula-se que os pigmeus sejam entre 100.000 e 200.000 espalhados na
densa floresta tropical que se estende entre os vários países da África
central. A maior concentração é, exactamente, nesta zona onde trabalhamos, a
missão de Maboma, situada na floresta do Ituri, no nordeste da R.D.
do Congo.
Os pigmeus são
livres como as aves, despreocupados e felizes como crianças. Vivem num mundo e
num tempo à parte, estabelecendo relações mínimas com as populações vizinhas.
Esta simplicidade e ingenuidade é aproveitada pelas populações locais para
explorar este povo ainda criança.
Foi esta
situação de exploração e exclusão, miséria e doença que chamou a atenção
dos missionários. Já desde os anos 50 que os missionários trabalham com
os pigmeus. Os combonianos chegaram alguns anos mais tarde,mas
deram um novo impulso a este trabalho, fazendo
da evangelização dos pigmeus uma das prioridades do nosso
trabalho missionário.
Em 1986
foi aberta uma comunidade bem no meio da floresta, lá onde viviam
os pigmeus ; uma aldeia da paróquia de Maboma. Os primeiros
contactos foram difíceis, mas, com o tempo,
os pigmeus deixaram-se conquistar por estes estrangeiros que vieram
habitar ao lado deles. Os missionários começaram a ser conhecidos por
« missionários dos pigmeus » e
os pigmeus eram orgulhosos de chamar-lhe « os nossos
missionários ».
O
primeiro grande trabalho, ainda não terminado, foi defender este povo da
escravidão e exploração a que eram sujeitos. Seguiu-se uma luta contra uma
doença da pele,, muito difundida, que provocava chagas enormes.
Outra
etapa importante foi sensibilizar os pais a enviar os filhos à escola. Em todas
as aldeias eles mesmos construíram-se escolas para os filhos. Hoje, em
toda a diocese, são mais de 5.000 crianças pigmeus que frequentam a escola.
Outra
actividade importante foi ajudar os pigmeus a terem os seus próprios
campos, uma vez que a caça e a pesca não é mais suficiente para viverem. Este é
um trabalho duro, pois eles nunca foram habituados a cultivar a terra.
Tudo
isto, naturalmente acompanhado com o anuncio do Evangelho.
Trinta
anos de trabalho abnegado já deu frutos abundantes. Hoje já há professores,
enfermeiros, carpinteiros, pedreiros e
estudantes universitários pigmeus. Há muitos
cristãos pigmeus e um candidato ao pequeno seminário. Mas há
ainda muito caminho a fazer. De facto, não se pode pretender que, em
poucos anos, um povo faça um salto que a humanidade levou milhares de anos a
fazer.
Maboma, Maio de 2012
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