Como é bom os irmãos viverem em
comunhão !
O reencontro dos missionários depois de anos de separação
Encontro-me, por algum
tempo, em Kisangani, uma cidade enorme e capital desta Província (a Província Oriental).
Acabamos um grande encontro (Assembleia
Provincial) que reuniu a maior parte dos missionários combonianos que trabalham
neste país – a República Democrática do Congo
(ex
Zaire).

Viemos de 18 comunidades,
espelhadas por todos o país, utilizando todos os meios de transporte
disponíveis e possíveis. Os mais afortunados vieram da capital, Kinshasa.
Percorreram 2.000 Km confortavelmente
senados num avião, numa viagem tranquila e sem história.
No outro extremo, esteve o
grupo de veio de Isiro, a mais de 500 km. Chegaram, bem cedo, na manhã do
terceiro dia de viagem; vinham atrasados, cansados e com muito para contar.
Tinham saído de casa, bem cedo,
num carro alugado e pensavam chegar no mesmo dia. Feitos apenas 10 Km, deram-se
conta que o carro era velho e o motor remendado. Ao fim do primeiro, tinham
percorrido apenas 120 km, faltavam ainda cerca 400 km!
Abandonaram o carro e
apanharam um outro que avariou 50 km depois. Trocaram o carro por motas e
chegaram à estrada principal, que liga
Kisangani ao resto do país. Esperaram, todo o dia seguinte, um carro para
Kisangani que nunca chegou. A um certo momento, um carro com ar conhecido,
parou diante deles. Era o primeiro que tinham abandonado no dia anterior!
O chofer sorridente e
confiante, garantiu que o carro tinha sido bem reparado, com peças originais,
e que chegariam ao destino sem dificuldades. Os missionários não tinham
escolha!
Efectivamente fizeram os
últimos 250 km sem avarias, mas viajaram durante toda a noite.
O resto dos missionários
vieram como lhes foi possível e chegaram quando puderam.
Eu fui dos que vim de mais
longe, 700 km, em apenas três dias, utilizando o meio mais fácil – a mota - e
cheguei antes dos outros .
A chegada dos missionários,
foi um momento digno de ser filmado. Vinham cansados, sujos, cheios de sono (e
com vontade de comer) mas com uma alegria transbordante.
Eram barulhentos e felizes
como crianças, abraçavam-se como adolescentes e contavam histórias como as
tiradas dos livros de aventuras. Era
uma felicidade enorme encontrar amigos
que, hã anos, não se viam.
Uns chegavam de manhã, bem
cedo, outros debaixo do sol abrasador do meio do dia e, outros ainda, bem no
meio da noite. Todos eram recebidos no meio de grandes gargalhadas, abraços
apertados e palavras sem fim.
Nos dias seguintes, os espaços livres, foram enchidos
com longas conversas. Perguntavam-se
novidades das missões por onde tínhamos passado, das pessoas amigas que lá
tinham ficado.
Houve tempo para conhecer
os últimos chegados e contar o trabalho que se faz.
As reuniões foram ricas de
conteúdos. Houve tempo para rever o passado, analisar criticamente o presente e
programar o futuro com alegria entusiasmo e muita fé.
No fim de uma semana de
reuniões, todos tinham pressa de voltar à sua missão. Partiam , Individualmente
ou em grupos, sem algazarra, quase em silêncio, mas com o coração cheio e as
baterias carregadas de entusiasmo missionário e zelo pastoral.
A viagem de regresso foi
outro aventura que será contada noutra ocasião, quando nos encontrarmos de
novo. Daqui a quantos anos?
Fidelino
Kisangani (R. D. Congo), 27 de Fevereiro de 2015