domingo, 8 de março de 2015

UM GRANDE MISSIONÁRIO

Retrato de um missionário apaixonado pela Missão

O Padre Victor é um missionário italiano com uma inteligência de génio e uma memória de biblioteca. Ele sabe muito de quase tudo. Nos longos serões da nossa comunidade  ele pode falar, tempo sem fim, duma maneira profunda, sábia e completa dos mais diversos temas. Escreveu vários livros sobre a África e as missões. É um homem forte, mede 1,80 m, tem uma resistente e infatigável, um entusiasmo e força interior inesgotável.
O p. Victor completou este ano 70 anos e desde os 26 que vive na sua querida e amada  África.
Mas o que o torna conhecido e notado  é a sua força de trabalho, a capacidade de imaginar coisas novas, um amor sem limites à Missão, uma generosidade sem medida e uma doação total às pessoas, sobretudo os mais pobres e desprotegidos.
Quando ele era jovem, foi expulso, com outros missionários, do Ruanda.
Aqui, em Bambilo, onde leva 6 anos, ele é a alma e o coração da Missão.
Tem mil projectos  para realizar, quer estar em todos os sítios ao mesmo tempo e sofre por não poder salvar todos de todos os males ao mesmo tempo e imediatamente!
Quando lhe dizemos para descansar, andar mais devagar (mesmo a conduzir a mota), ele diz que tem pressa, pois restam-lhe poucos anos vida a consagrar à  Missão!
Defeitos? Sim, o P. Victor ainda não é santo! Tem dois grandes defeitos. Antes de mais, descuida a sua saúde até pôr em risco a sua vida. Outro defeito incorrigível – ele dá tudo o que tem! Ele diz que durante as férias nem um café toma, para poupar, para a missão;
mas aqui, dá tudo, mesmo a roupa pessoal!
Quando ele vai à cidade, o ecónomo dá-lhe só o dinheiro estritamente necessário. De todas as maneiras, ele volta sempre sem dinheiro!
Pior ainda, ele descuida  a própria saúde. Há dias, ele voltou da visita às capelas meio coxo. Queria esconder uma queda de moto, coisa normal. Tivemos que insistir para que deixasse o  enfermeiro medicar uma perna esfolada e um joelho inchado e ferido.
Outra vez, já há uns anos, uma simples malária descuidada (nós temos sempre uma reserva de  remédios anti-malária), complicou-se terrivelmente. Em fim de vida, foi transportado até ao hospital mais próximo, a 55 km, onde, por sorte, se encontrava um médico que o salvou.
Talvez por ser descuidado,  este valente missionário, sofre de uma forma grave  de  hepatite.
Esteve quase dois anos na Europa para se curar e tem de fazer, cada seis meses, exames de controlo; uma vez aqui no Congo, outra vez na Itália.
Nestes dias ele parte para Kisangani para os exames médcios. Tem uma viagem de 1300 km, ida e volta, a maior parte feito em mota, por estradas que só Deus conhece! Em Janeiro vai à Itália para outros exames mais rigorosos.
Ele, como é natural, fez tudo para evitar estes exames e, sobretudo esta terrível viagem, mas os médicos insistiram e os superiores  confirmaram.
Pode-se dizer que o P. Victor é descuidado, mas obediente!
Fidelino
Bambilo, 28 de Julho de 2014


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