A
MISSÃO CONTINUA
Os efeitos da guerra na Republica
Centro-Africana
Encontro-me actualmente no
país vizinho, a Republica Centro-Africana. Fica só a 200 km de Bondo a cidade mais
próxima de Bambilo, onde vivo.
Tive uma ocasião e
aproveitei para ver o bispo local que é um missionário comboniano espanhol. A
estrada é boa, mas assim precisamos de
10 horas de viagem para fazer 200 km!
Desde há dois anos, este
país vive uma terrível guerra civil. A intervenção internacional conseguiu acalmar um pouco a
confusão, mas a paz ainda esta longe.
Os comerciantes hesitam
antes de fazer novos investimentos, as pessoas vivem aterrorizadas pelo passado
recente e têm medo do que posa ainda acontecer, a inseguranças é generalizada e
o trabalho de reconstrução avança timidamente.
Aqui, nestas terras
africanas, a situação repete-se, vezes
sem fim - um tem o poder, outros querem
conquista-lo e desencadeiam a guerra. Durante o tempo de guerra ,os homens
armados, tornam-se bestas ferozes e, com as armas na mão, ódio no coração e a
cabeça vazia, tudo é possível. A primeira coisa que fazem, neste estado de confusão total, é roubar,
violar, matar e destruir.
Aqui, nesta cidade fronteiriça, milhares de
pessoas atravessaram o pequeno rio que divide os dois países, e refugiaram-se
no Congo. O interessante, é que, há poucos anos, foram os congoleses que se
refugiaram nesta cidade.
Foram especialmente
atingidas as igrejas e as comunidades religiosas. Estes rebeldes tinham um ódio
especial por tudo o que é cristão. Uma comunidade de irmãs contou-me os
momentos de terror por que passaram. Foi o medo que as fez correr mais rápido
que os bandidos armados que as perseguiam a poucos metros de distância. A
floresta acolhedora e a gente amiga protegeram-na durante uns dias, até o
furacão da violência e da destruição passar.
O bispo local, que na altura estava na capital,
distante de 700 km, veio apressado e com a sua influência conseguiu calmar a
situação e pedir tropas para proteger a população e os bens que restavam.
Agora a situação está sob
controlo das tropas das Nações Unidas. Tudo está calmo, mas as pessoas estão
traumatizadas e temem que a situação se repita.
Nesta situação, a vida recomeça timidamente, até porque tudo o que
tinha valor foi roubado ou destruído. Nem um meio de transporte ficou em toda a
cidade. Apenas duas pequenas motas das
irmãs, que foram escondidas a tempo, escaparam.
O Senhor bispo, homem
corajoso e determinado, que é bem conhecido no estrangeiro, tem pedido ajuda internacional. O hospital já
funciona quase normalmente, todas as escolas voltaram ao normal e já chegaram
alguns carros que animam a pequena cidade.
As pessoas aqui viviam
melhor que no Congo e o país é melhor organizado. Apesar desta guerra civil
destruidora, o país tem possibilidade de retomar o ritmo antigo.
O missionário é um enviado
de Deus; é Ele que nos guarda e cuida.
Assim estamos sempre seguros e em boas mãos.
Neste ambiente desumano, onde a
barbárie parece reinar, os missionários ainda têm muito para fazer.
Portanto, a missão continua
e as forças e coragem ainda não se esgotaram!
Fidelino
Bangassou
(República Centro Africana), 28 de Janeiro de 2015.
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