domingo, 8 de março de 2015

A cada um o seu Natal

Bom Natal 2014 e Feliz Ano Novo 2015!
 Acabo de celebrar a noite de Natal numa pequena aldeia bem no interior da floresta tropical africana. Recordo ainda o meu primeiro “Natal africano”, celebrado, há mais de vinte anos, a poucas centenas de quilómetros de onde me encontro. A surpresa, a alegria e a emoção foram as mesmas!
Uma felicidade incontrolável, exprimida com cânticos e danças num ambiente de festa total.
 A pequena capela, feita de palha e barro, iluminada somente por alguns archotes, parecia vibrar ao ritmo dos tambores e das melodias de Natal, cantadas a plenos pulmões. Ninguém restava impassível a tanta vitalidade e alegria de viver.
Era uma felicidade transbordante! O corpo e o espírito, que formam a única pessoa humana que somos, alegravam-se e rejubilam em uníssono. Era como se a alegria do coração transbordava para o corpo e a exuberância do corpo aumentava a alegria da pessoa total.
A causa de tanta alegria era a celebração do NASCIMENTO de um menino – Jesus, filho de Deus.
Sim, eu com os cristãos que enchiam completamente a capela, celebrávamos o nascimento de um Deus que se fez homem. É este o mistério grande e incompreensível para a pobre inteligência humana, mas real e concreto para os pobres que têm um pouco de fé. Este nosso mundo massacrado, degradado, injusto e profundamente doente, foi visitado. Deus vem viver entre os seus!
É este nascimento, a chegada deste hóspede divino o motivo de tanta felicidade.
 Há anos, dialogando com um amigo muçulmano, ele dizia-me, convencido e um pouco embaraçado por me ensinar algo de novo. “Vocês os cristãos, dizia ele, celebram a festa do nascimento de Deus. Mas, a verdade é que, essa é uma ideia humana, um grande desejo do homem. Na realidade, continuou ele, Deus nunca deixa de ser Deus! É impossível para Deus fazer-se homem!”
Com o mesmo respeito e amizade, perguntei-lhe: “Deus é todo-poderoso, não é?” “Sim, claro”, disse o meu amigo. “E, continuei eu, se o Deus Todo-poderoso decidisse fazer-se homem, quem Lho impediria?”
 O Natal é a festa do impossível! É graças à omnipotência de um Deus que ama apaixonadamente os homens que o Natal é possível.  Estou feliz de viver com gente que acredita nesta “Paixão” de um Deus que vem partilhar a nossa vida.
É este facto histórico, verdadeiro e real que nós festejamos com uma alegria sem fim.
Não falo (para quê?) da pobreza enorme desta gente que sabe fazer festa total e é capaz de  uma alegria completa.  Sei, naturalmente, que há outras maneiras de celebrar este acontecimento histórico. Todos fazem festa: cristãos mais ou menos convencidos, ateus de todos os géneros, pobres e ricos crianças e adultos.
Para muitos é uma ocasião para fazer uma festa grande, mas um pobre Natal!
Outros ficam-se pelos excessos de comida e bebida e continuam com o coração vazio.
Normalmente, é um dia especial, mas que passa rápido e não deixa recordações para o futuro.
Este dia pode ser acompanhado por um ambiente de festa, música, ornamentação especial, mas não há felicidade.
Os presentes são tantos (e normalmente inúteis) que não deixam ver o Menino Jesus.
Numa palavra, o Natal do primeiro mundo, é, muitas vezes, uma festa mundana onde Deus é convidado. Incrível, como pessoas inteligentes desvirtuaram o Natal! Enchem-se de coisas e não vêem o único importante – a presença do nosso Deus que nos é dado num num Menino.
Tinha vontade de perguntar-te, “Qual é o teu Natal?”
Decididamente, prefiro o “nosso Natal africano”!             
 Boas festas de verdadeiro Natal!
Ano Novo cheio das bênçãos do Menino Deus que veio par ficar.
Um abraço amigo,
Fidelino
Natal de 2014

Bambilo, Bondo RD Congo

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