A
cada um o seu Natal
Bom Natal 2014 e Feliz Ano Novo 2015!
Acabo de celebrar a noite de Natal
numa pequena aldeia bem no interior da floresta tropical africana. Recordo
ainda o meu primeiro “Natal africano”, celebrado, há mais de vinte anos, a
poucas centenas de quilómetros de onde me encontro. A surpresa, a alegria e a
emoção foram as mesmas!
Uma felicidade incontrolável, exprimida com
cânticos e danças num ambiente de festa total.
A pequena capela, feita de palha e
barro, iluminada somente por alguns archotes, parecia vibrar ao ritmo dos
tambores e das melodias de Natal, cantadas a plenos pulmões. Ninguém restava
impassível a tanta vitalidade e alegria de viver.
Era uma felicidade transbordante! O corpo e
o espírito, que formam a única pessoa humana que somos, alegravam-se e
rejubilam em uníssono. Era como se a alegria do coração transbordava para o
corpo e a exuberância do corpo aumentava a alegria da pessoa total.
A causa de tanta alegria era a celebração
do NASCIMENTO de um menino – Jesus, filho de Deus.
Sim, eu com os cristãos que enchiam
completamente a capela, celebrávamos o nascimento de um Deus que se fez homem.
É este o mistério grande e incompreensível para a pobre inteligência humana,
mas real e concreto para os pobres que têm um pouco de fé. Este nosso mundo
massacrado, degradado, injusto e profundamente doente, foi visitado. Deus vem
viver entre os seus!
É este nascimento, a chegada deste hóspede
divino o motivo de tanta felicidade.
Há anos, dialogando com um amigo
muçulmano, ele dizia-me, convencido e um pouco embaraçado por me ensinar algo
de novo. “Vocês os cristãos, dizia ele, celebram a festa do nascimento de Deus.
Mas, a verdade é que, essa é uma ideia humana, um grande desejo do homem. Na
realidade, continuou ele, Deus nunca deixa de ser Deus! É impossível para Deus
fazer-se homem!”
Com o mesmo respeito e amizade,
perguntei-lhe: “Deus é todo-poderoso, não é?” “Sim, claro”, disse o meu amigo.
“E, continuei eu, se o Deus Todo-poderoso decidisse fazer-se homem, quem Lho
impediria?”
O Natal é a festa do impossível!
É graças à omnipotência de um Deus que ama apaixonadamente os homens que o
Natal é possível. Estou
feliz de viver com gente que acredita nesta “Paixão” de um Deus que vem
partilhar a nossa vida.
É este facto histórico, verdadeiro e real
que nós festejamos com uma alegria sem fim.
Não falo (para quê?) da pobreza enorme
desta gente que sabe fazer festa total e é capaz de uma alegria
completa. Sei,
naturalmente, que há outras maneiras de celebrar este acontecimento histórico.
Todos fazem festa: cristãos
mais ou menos convencidos, ateus de todos os géneros, pobres e ricos crianças e
adultos.
Para muitos é uma ocasião para fazer uma
festa grande, mas um pobre Natal!
Outros ficam-se pelos excessos de comida e
bebida e continuam com o coração vazio.
Normalmente, é um dia especial, mas que
passa rápido e não deixa recordações para o futuro.
Este dia pode ser acompanhado por um
ambiente de festa, música, ornamentação especial, mas não há felicidade.
Os presentes são tantos (e normalmente
inúteis) que não deixam ver o Menino Jesus.
Numa palavra, o Natal do primeiro mundo, é,
muitas vezes, uma festa mundana onde Deus é convidado.
Incrível, como pessoas inteligentes desvirtuaram o Natal!
Enchem-se de coisas e não vêem o único importante – a presença do nosso Deus
que nos é dado num num Menino.
Tinha vontade de perguntar-te, “Qual é o
teu Natal?”
Decididamente, prefiro o “nosso Natal
africano”!
Boas festas de verdadeiro Natal!
Ano Novo cheio das bênçãos do Menino Deus
que veio par ficar.
Um abraço amigo,
Fidelino
Natal
de 2014
Bambilo,
Bondo RD Congo
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