O Natal do Irmão
Rinaldo
Bom Natal 2020!
1. Uma família de missionários
O Irmão Rinaldo (não Ronaldo!), meu colega de comunidade,
é um missionário de 88 anos, 64 dos quais passados em África. Ele
vem de uma humilde de agricultores com oito filhos.
Quando o seu pai era jovem, o Pároco disse-lhe, “Acho que
darias um bom sacerdote”. Resposta pronta do jovem – “Prefiro casar e mandar os
filhos para o seminário!” Assim foi, de oito filhos, seis são mis-sionários,
duas irmãs, três sacerdotes e o Irmão Rinaldo, todos eles missionários na
África e Américas.
O Irmão Rinaldo é um santo homem, alegre, bem disposto e
um exímio contador de histórias e anedotas. Para a sua idade, ainda é forte,
goza de boa saúde e safa-se com dois comprimidos diários.
O jovem Rinaldo trabalhou duro para pagar os estudos dos
irmãos. Com a sua namorada pensavam formar família. Quando ele disse à namorada
que ia ser missionário, ela ficou feliz, pois essa era também a sua vocação!
Hoje são os dois missionários, um na Africa, outro nas Américas!
Quando ele foi ao convento visitar a sua irmã e dar-lhe a
notícia que ele seria missionário, a superiora da casa, alertou-o para as
dificuldades da vida religiosa, da necessidade de deixar tudo. O Rinaldo disse:
“Espero que ao menos me deixem visitar a minha namorada!” A Irmã ficou furiosa
e concluiu que ele não tinha vocação. Foi preciso a própria irmã intervir e
dizer que o seu irmão estava a brincar.
Como missionário ele fez de tudo um, mas a sua
especialidade é a construção. Construiu igrejas, capelas, hospitais e centros
de saúde; também casas para missionários e tudo o que foi necessário.
2. Um Natal diferente
Acerca deste Natal 2020, eis as suas palavras:
“Este ano celebramos o Natal com a pandemia que já levou
duas dezenas de colegas missionários.
A dizer a verdade, eu senti ciúme deles; já chegaram ao
destino e eu ainda ando por aqui! Não tenho pressa, mas o meu desejo profundo é
reunir-me com as pessoas muito queridas e, sobretudo contemplar eternamente o
rosto daquele Jesus que nasceu em Belém.
O que mais me entristece é ver como o medo que
tomou conta da humanidade. Nesta situação, a pessoa mais querida pode ser
portadora de morte. A minha proximidade é uma sombra ameaçadora.
No entanto, esta pandemia trouxe uma oportunidade única
de celebrar o Natal na sua simplicidade e verdade original. Os pastores de Belém,
os primeiros a viver o Natal, encontraram Maria e José e o Menino Jesus. Eles
também foram confinados e celebraram o nascimento do Emanuel no local mais
simples e isolado que se pode imaginar. Além disso, este tempo de incertezas é
mais oportuno para acolher o Salvador e implorar a sua intervenção para uma
situação que escapa ao nosso controlo.
A verdade é que o COVID-19 libertou-nos de muitas
coisas que desvirtuavam o espírito do Natal – azáfama, banquetes exagerados que
arruínam a saúde, despesas inúteis, etc.
Uma lei exceptional, obriga-nos a ficar em casa, celebrar
o Natal intimidade da família nuclear e impede-nos de esbanjar o 13º mês em
despesas exorbitantes e fora de horas.
O Irmão conclui: “Há vida para além do COVID-19 !
Este Natal é um convite a recomeçar uma vida nova
reforçando os laços familiares e centrando-se à volta do presépio, junto com
Maria e José e os pastores.
Um abraço amigo e os melhore votos de Bom Natal e Feliz
Ano Novo 2021!
Uganda, Natal
2020,
Fidelino
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