sexta-feira, 21 de outubro de 2022

 

A centésima casa

 Caros amigos,

 Eis-me, outra vez, de volta ao centro da Missão, bem no coração da África!

Depois de uma passagem rápida por Portugal, dois aninhos, estou de volta à minha terra prometida. O marinheiro volta sempre ao mar e o missionário parte da sua terra! O missionário é um peregrino que leva Deus no coração e vai ao encontro dos irmãos mais distantes e, quase sempre, os mais pobres.

Agora estou no Uganda, mesmo ao lado do Congo (Zaire) onde trabalhei durante anos.

Ainda que andarilho de profissão - “Ide por todo o mundo anunciar a Boa Nova”, é com grande emoção, com um certo espírito de aventura e curiosidade, e, sobretudo, com muita disponibilidade que o missionário começa uma nova missão. É uma experiência empolgante que exige uma nova adaptação (ao país, língua, cultura, clima) mas nos dá muita alegria e realização pessoal. Ser missionário não é difícil, é uma grande sorte!

A grande novidade nesta minha nova missão é o novo trabalho. No Congo, durante duas décadas, trabalhava numa missão – paróquia grande com muitas capelas espalhadas por uma grande área geográfica. Estava constantemente em viagem para visitar os cristãos dispersos nas aldeias. Nas cartas que vos enviava do Congo, alguns de vocês, acompanharam-me nessas longas e interessantes viagens no meio da floresta africana.

Cf. https://missaonocongo.blogspot.com/

Agora, o meu trabalho vai ser mais sedentário – estou a trabalhar num seminário, na formação de futuros missionários. Assim o trabalho pastoral fica reduzido ao fim de semana numa paróquia aqui perto.

Parti de Lisboa e cheguei ao aeroporto da capital do Uganda, mesmo na margem do grande lago Vitória. Depois de cerca de uma hora de viagem, por estradas mais ou menos boas, umas novas, outras ainda em construção, no meio de um trânsito desorganizado e com muita gente ao longo da estrada, sobretudo jovens e crianças, cheguei à minha nova morada.

Os meus dois novos colegas estavam à minha espera. Deram-me um quarto espaçoso e bem iluminado pelo sol africano e disseram-me: “Bem-vindo, esta é a tua casa!”

Lembrei-me das palavras de Jesus: “Quem deixar a casa, pais, irmãos…, receberá, já no presente, cem vezes mais em casas …” Esta é, portanto, a minha centésima casa!

Os meus novos colegas de jornada são também missionários que vêm de outras aventuras. O padre Silvestre, um jovem missionário ugandês, foi missionário no Peru e na Etiópia. O Irmão Rinaldo, italiano de 86 anos, passou a vida neste país. Foi construtor de escolas, casas religiosas e igrejas. Agora está a “construir” – formar futuros missionários. O irmão passa mais tempo na capela que no quarto e pensa mais no céu que na terra!

Aqui perto temos o grande santuário dos Mártires do Uganda, digamos que é a Fátima de toda a África Central. Portanto estamos bem acompanhados!

Continuamos unidos na amizade e, quem sabe, na oração. Repito as palavras do Papa Francisco – “Rezem por mim e pelos missionários!” O nosso trabalho missionário é duplo, levar Deus aos homens e levar os homens a Deus, portanto eu levo-te até Deus (rezo por ti).

Um grande abraço amigo.

Fidelino

 N.B. Eis a minha localização.     https://goo.gl/maps/7fXyV6CoAcaQ9yjv5

Namugongo – Kampala (Uganda), novembro de 2019

 

 

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